Vamos

segunda-feira, abril 27, 2009

O Sub-chefe




"Marcelo foi um dos cônsules fascistas mais “puros” (na fidelidade à transposição do corporativismo e dos rituais bebidos em Mussolini para o status português) e dos mais criativos na decantação para as elites do compromisso entre oligarquia, ruralidade e desenvolvimento capitalista como forma de dar esperança e futuro à ditadura. Marcelo, homem de inteligência, de cultura e sofisticado, foi um fanático da praxis ditatorial até ao seu último suspiro, incapaz, em absoluto, de transpor a sua forma elaborada de pensar a sociedade e a política num qualquer cenário democrático, o que é típico dos intelectuais que adoram o povo desde que este siga fielmente os seus sinais e as suas chaves (não falta, à esquerda, muitos émulos simétricos, os das “vanguardas”).

A rigidez dos interesses instalados e as cristalizações ideológicas das elites fascistas, demasiadamente acomodadas à mesa farta parasitada e ao arrocho para os protestantes, além da marca fortíssima das particularidades da personalidade narcisista, obsessiva, manhosa, beata e autoritária de Salazar (O Chefe), transformaram Marcelo - provavelmente o mais puro, o mais fiel e o mais criativo dos fascistas portugueses - numa figura em permanentes sobressaltos de sinusóides no serviço à ditadura. Ora serviu na primeira linha do regime (como Chefe da Mocidade Portuguesa, como Ministro das Colónias, como Ministro da Presidência, como Professor e Reitor Universitário, como “delfim” de Salazar), ora abespinhava Salazar e, sobretudo, os ultras trogloditas do regime, assustando-os com os seus impulsos reformadores e evolutivos que nunca foram além do pensar na melhor forma de perpetuar a ditadura (de que o seu slogan “evolução na continuidade” é um autêntico paradigma). Acabou como se sabe, com o poder absoluto condicionado, nesse trágico beco sem saída que sempre seria a sucessão de Salazar que, fossem quais fossem as circunstâncias e os protagonistas, tinha o destino traçado de uma inevitável implosão do regime pela inviabilidade de haver salazarismo sem Salazar. Incapaz, não por falta de capacidade da sua parte, de desatar os nós que amarravam a ditadura ao passado (em que avultava o nó cego colonial), exerceu o seu mandato de Chefe vigiado, solitário e acossado de forma errática, desorientada e patética. Os seus últimos dias de poder foram, com crueldade trágico-cómica, um estertor patético – desesperado pelo impasse da agonia do regime, convoca os generais “reumáticos” para lhe jurarem fidelidade, foge dos capitães revoltados para o abrigo estúpido da GNR no Carmo, procura resistir dando ordens (não cumpridas) à GNR para chacinar a “populaça”, agarra-se a Silva Pais e pede à Legião para combater(!), horroriza-se por ter de parlamentar com um Capitão (Salgueiro Maia), passa a pasta a Spínola (enfim, um General!), sofre a humilhação extrema da saída numa “chaimite” sob as vaias populares, abriga-se (abrigam-no) na Madeira escoltado por um Sargento, exila-se no Brasil, zangado e ressentido com tudo e com todos (os que o serviram, quem ele serviu, os que o combateram). Recusa-se a voltar à Pátria "ingrata", vive os últimos tempos a desejar a morte, acabando por morrer longe.

O drama de Marcelo e a sua terminal incompetência clamorosa, um aparente paradoxo relativamente à alta envergadura intelectual e política do personagem e com uma longa experiência na lide com o poder, demonstram que se Marcelo não salvou o fascismo, mais ninguém o conseguiria fazer. Se o mais dotado (sobredotado até) entre os fascistas não deu solução ao fascismo português, então este não tinha mesmo ponta de cura possível. Aqui fica esta nota final como sinal do respeito possível perante a figura."
In Água Lisa


Tenta-se agora branquear a sua figura através de um programa televisivo,com os testemunhos dos familiares e amigos mais chegados.Uma afronta para quem sofreu as agruras de uma ditadura.

sexta-feira, abril 24, 2009

35 anos de liberdade



Genial Zé Mário e tão actual! O que muda são as personagens mas o cenário é o mesmo.
Continuamos a ser os mesmos com os mesmos gostos,com as mesmas garras postas em cima de nós.Continuamos sim Zé a ver o Benfica e o Sporting,continuamos a perder o nosso tempo em frente à televisão e deixamos que uns filhos da puta de gravatinha decidam por nós. Somoms assim Zé,um povo que vive num bairro e que critica o vizinho que não tem o tal carro,mas que não se importa que lhe roubem os seus direitos.
Somos um povo pacífico Zé,fomos habituados a vergar a cabeça e a considerar os nossos direitos como esmolas e assim continuamos.Confiamos em politicos que têm feito carreira para beneficio próprio dando de vez em quando esmolas em tempo de eleições.
Fomos vendidos a um organização chamada UE e que responde cada vez mais ao apelo do grande capital.
Temos o nosso país arruinado Zé!
Resta-nos lutar por um Abril melhor.

domingo, abril 19, 2009

sexta-feira, abril 17, 2009

Revolta estudantil de coimbra

"Com Marcello Caetano ausente da metrópole, Américo Tomás e o ministro da educação José Hermano Saraiva vão a Coimbra inaugurar o novo edifício universitário das Matemáticas. A recém-direcção da Associação Académica, onde uma lista de unidade antifascista havia vencido a direita, depois de uma disputadíssima e imaginativa campanha eleitoral, pede, através do seu presidente, Alberto Martins, para falar na cerimónia. As autoridades recusam. Está aceso um rastilho de indignação e de repressão que vai mergulhar a cidade num estado generalizado de desobediência cívica, falhando todas as tradicionais receitas repressivas que apenas serviram para reforçar a unidade estudantil sob o domínio da esquerda."



Gostava de ver esta mesma coragem no rosto dos jovens do meus país. São eles que estão em causa, é o seu futuro que está comprometido.Ainda assim assistimos a um marasmo com a maior parte dos jovens sem saberem bem o que fazer.
Iludibriados por uma sociedade capitalista que lhes tudo lhes promete e tudo lhes tira, ficando assim com o futuro cada vez mais empenhado.
Passado 40 anos restam-lhes as mesmas armas:
- Dreito à indignação
- Dreito de lutarem por um futuro melhor
- Coragem para lutarem contra um governo cada vez mais autista

quinta-feira, abril 16, 2009

A nossa sina passado 35 anos









Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi




É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra

quarta-feira, abril 15, 2009

terça-feira, abril 14, 2009

A ganancia


"Empresário diz que deu casa no Algarve a Isaltino para conseguir licenciamento
Um antigo adjunto da presidência da Câmara de Oeiras disse hoje em tribunal que a casa de Isaltino Morais em Altura (Algarve) foi uma contrapartida do empresário João Algarvio por um licenciamento de um projecto imobiliário"
In Sol

domingo, abril 12, 2009

O cerco à Constituinte



"Houve uma manifestação e concentração dos trabalhadores da construção civil frente ao Palácio de São Bento.
Após três dias de greve nacional, a manifestação dos trabalhadores da construção civil só foi dirigida para o Palácio de São Bento porque o Ministério do Trabalho se recusou a responder às reivindicações formuladas.

Na esperança de desmobilizar a manifestação encerrou as próprias instalações do Ministério na Praça de Londres.
No Palácio de São Bento, aspecto essencial a recordar, também funcionava o VI Governo Provisório.
A concentração em S. Bento não visava a Assembleia Constituinte, mas o Primeiro-Ministro e o Governo para quem o comportamento irresponsável do Ministro do Trabalho acabara por endossar a questão.

Na decorrência deste conflito entre trabalhadores e política do Governo, por efeito do radicalismo e da imponderação, quer o Primeiro-Ministro quer os deputados à Constituinte ficaram na prática impossibilitados de sair do Palácio de S. Bento, facto de que o PCP discordou (comunicado de 13/11/1975)."


Seguidamente alguns excertos do discurso, no parlamento,do deputado Octávio Pato:


"- Sr. Presidente, Srs. Deputados: O nosso país e a Revolução portuguesa atravessam um momento crucial. Os acontecimentos demonstram, de forma inequívoca, que uma viragem à direita na política portuguesa não resolve, antes agrava, a crise político-militar, assim como os conflitos sociais e a situação económica

Às tentativas de viragem à direita respondem centenas de milhares de trabalhadores com uma luta tenaz e firme. Desta luta dependem os destinos da nossa revolução e do nosso país.Nos quadros desta luta se insere a manifestação realizada no passado domingo, em Lisboa, manifestação que ficará gravada na história do nosso país como um marco no combate pela revolução democrática, rumo ao socialismo.
E assim será por vários motivos:

Em primeiro lugar, pela grandiosidade dessa manifestação, em que participaram centenas de milhares de pessoas, ficará gravada pelo facto de ter sido promovida e organizada pelas Comissões dos Trabalhadores da Região de Lisboa,...... o que mais uma vez demonstrou que a classe operária e os trabalhadores são a principal força revolucionária do nosso país.

A manifestação de domingo ficará ainda assinalada como uma grande manifestação unitária, a que aderiram todas as forças realmente identificadas com a Revolução. Ela será, por certo, mais um passo importante para a coesão de todos os revolucionários portugueses, civis ou militares.
Finalmente, a manifestação de domingo ficará gravada na nossa história como demonstração clara de que se não pode governar no Portugal de hoje sem o apoio do proletariado e das massas trabalhadoras, sem a adesão da sua vanguarda organizada.
Mas nos quadros da luta contra a viragem à direita assistimos na passada semana a outro importante acontecimento da vida nacional. Foram as grandiosas greves e manifestações de centenas de milhares de trabalhadores da construção civil. A notável e merecida vitória que obtiveram só foi possível pela extraordinária combatividade e unidade de que deram provas.

É inesquecível o espírito de sacrifício de, milhares de trabalhadores que, durante trinta o seis horas, sem dormir, ...
... ao frio da noite, sentados ou deitados nos ruas ou nos escadarias junto ao Palácio de S. Bento, ali se mantiveram e dali não arredaram pé.
O significado dessa luta de dezenas e dezenas de milhares de trabalhadores que auferem um salário de miséria não o quiseram ver os Deputados do CDS, do PPD e parte dos Deputados do PS. Não o quis ver o Dr. Mário Soares, que afirmou que a luta dos trabalhadores da construção, civil era "uma acção de sabotagem económica".

- A vitória dos trabalhadores da construção civil e a grande manifestação de domingo representam uma derrota para toda a reacção. Foram uma derrota para aqueles que tentam confundir a povo com as forças reaccionárias. Representaram uma derrota para os que pensaram ter "esmagado" o movimento popular de massas com as manifestações que organizaram. E, afinal, o PPD, ao convocar uma contramanifestação em Lisboa para se opor à grande luta dos trabalhadores da construção civil, apenas consegue juntar umas cem pessoas.

Se todos os revolucionários quiserem, se todos os verdadeiros democratas se unirem, os perigos da hora presente serão superados. As greves e manifestações dos trabalhadores da construção civil, assim como a grande manifestação de domingo em Lisboa, revelam a força invencível que se desprende da luta da classe operária e do povo trabalhador. Essas grandes lutas mostram que, se a reacção tentar pôr de pé os seus criminosos planos, quebrará os dentes.A Revolução continuará e triunfará. O nosso povo, em aliança com as forças armadas, construirá o novo Portugal, o Portugal democrático a caminho do socialismo."



Era assim o discurso do PCP no parlamento e assim se lutava num Portugal que muitos querem que seja esquecido.

Aprendamos pois novas lutas e lutemos pelos nossos direitos.

Por um Portugal livre, justo e solidario.



segunda-feira, abril 06, 2009

domingo, abril 05, 2009

Tásse cool na margem sul




"A candidatura de Paulo Pedroso à Câmara Municipal de Almada é, este domingo, formalizada. O candidato socialista reúne numa das mais míticas salas da cidade - a Incrível Almadense - muitos notáveis do partido. Quem não está presente, mandou mensagem."

In TSF

A mensagem vai ser dada pelos almadenses:

-Não queremos gente desta na nossa terra!

quarta-feira, abril 01, 2009

Dia dos Socretinos



Celebra-se hoje o dia das mentiras como tal a minha
homenagem aos Socretinos



(imagem roubada ao Kaos)