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segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro 2006

Eu Tenho um sonho

Quando os arquitectos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Indepêndencia, assinaram uma promissória de que todo norte americano seria herdeiro. Esta nota foi a promessa de que todos os homens, sim, homens negros assim como homens brancos, teriam garantidos os inalienáveis direitos à vida, liberdade e busca de felicidade.
Mas existe algo que preciso dizer à minha gente, que se encontra no cálido limiar que leva ao templo da Justiça. No processo de consecução de nosso legítimo lugar, precisamos não ser culpados de actos errados. Não procuremos satisfazer a nossa sede de liberdade bebendo na taça da amargura e do ódio. Precisamos conduzir nossa luta, para sempre, no alto plano da dignidade e da disciplina. Precisamos não permitir que nosso protesto criativo gere violência físicas. Muitas vezes, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força física com a força da alma; e a maravilhosa e nova combatividade que engolfou a comunidade negra não deve levar-nos à desconfiança de todas as pessoas brancas. Isto porque muitos de nosssos irmãos brancos, como está evidenciado em sua presença hoje aqui, vieram a compreender que seu destino está ligado a nosso destino. E vieram a compreender que sua liberdade está inextricavelmente unida a nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante. Não podemos voltar.
Digo-lhes hoje, meus amigos, embora nos defrontemos com as dificuldades de hoje e de amnhã, que eu ainda tenho um sonho. E um sonho profundamente enraizado no sonho norte americano.
Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: "Achamos que estas verdades são evidentes por elas mesmas, que todos os homens são criados iguais".
Eu tenho um sonho de que, um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho de que, um dia, até mesmo o estado de Mississipi, um estado sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele e sim pelo conteúdo do seu carácter.
Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoação e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e cristãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar com as palavras do antigo espiritual negro:

Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso, somos livres, enfim.

Martin Luhter King Jr.
28 de Agosto de 1963

13 comentários:

Anónimo disse...

Sábias palavras minha amiga.....

Anónimo disse...

Cresci a ouvir este discurso. Passei grande parte da minha vida iludido de que estas e muitas outras palavras de esperança, proferidas por outros tantos idealistas da liberdade, um dia fariam eco na consciência humana e viveríamos, finalmente, felizes e livres das cadeias da ignorância e do desprezo pela vida que ela gera. Passaram quarenta anos e com eles a idade da inocência e hoje já acredito em muito pouco. Por vezes até duvido de mim, da nobreza dos meus actos, de todos os valores que me foram transmitidos ao longo da vida. Sinto-me como um náufrago que luta contra a corrente e acho que aos poucos me tenho conformado com a sorte da humanidade. Afinal, amanhã já cá não estamos...

Pete disse...

Eu sinto-me livre pois não tenho medo de dizer o que penso ou acho e não teho medo de um ataque terrorista. Há outros que vivem num estado de medo e aí abdicam da liberdade.

Barão da Tróia II disse...

Bem pensado.

MEHC disse...

As palavras de esperança,de Martin Luther King, contrastam com o dramatismo das imagens q escolheste para este post.O sonho e a realidade não coincidem.Mas acredito q, apesar das lágrimas e dos gritos, há esperança.O Xico, em comentário aqui em cima, diz q estamos conformados porque amanhã já cá não estamos. Talvez seja verdade, mas como tenho filhos e netos, quero agarrar-me à esperança num mundo melhor e não desistir de fazer a minha pequena parte. Por eles!
Um abraço

Anónimo disse...

Ó xicoxperto, como amante da liberdade plena e não só da política (dizer mal deste ou daquele político a mim nada me diz) a liberdade também é utópica, ou seja, onde está a liberdade social, económica, a paz, o pão, habitação a saúde, a liberdade daqueles alunos que ficam sem escola na sua terra e tem de ir para longe dela, a liberdade daquelas mães que tem de ir parir a Espanha, ou daquelas mulheres que AINDA são presas por abortar. Não amigo, enquanto tiver forças lutarei SEMPRE por aquilo que sempre acreditei, transmiti aos meus filhos (que me ouviram e seguiram) e agora aos netos os valores da LIBERDADE, FATERNIDADE E IGUALDADE.

Tenho esperança que um dia assim seja.

Nunca desistas.

A luta continua a vitória é certa.

José Pires F. disse...

Quarenta anos depois e por muito que determinados marcos marquem épocas, verificamos que infelizmente o seu eco é efémero.
Infelizmente, o homem não aprende mesmo.

Grande abraço.

CORCUNDA disse...

UTOPIAS, UTOPIAS, UTOPIAS! Já chega de palavras, está na altura de passarmos à prática! Enquanto ficarmos pela teoria os cabrões de sempre continuarão a rir-se de nós!Abraço.

Anónimo disse...

Também eu tenho sonhos de um mundo melhor. Pena é que tantas vezes as realidades os tornem tão dificeis de cocretizar. Mesmo asim continuo sempre a sonhar.

Anónimo disse...

Tristezas não pagam dividas,corrupção neste país o que éh ???, se todos os dias nos vimos ao espelho e reparamos nos nossos cabelos brancos das dificuldades da vida de hoje, enquantos outros (os Politicos) se safam da melhor maneira aos ventos contrários da fama que lhe apontam, deixei de acreditar nos politicos, sou úm desacreditádo nos ideais que por ai correm, não acredito que os politicos queiram fazer algo pelos que tentaram ou votaram por uma ideia, não acredito na banha da cobra de que o povo se vendeu aos politicos.touaqui

Miguel disse...

Somos livres ...!?
È um lindo sonho!

Bjks da Matilde

Zuka disse...

Sem dúvidas, um dos discursos mais marcantes... Bjo.

Anónimo disse...

De 1963 até ao ano 2006 em que vivemos, quantas transformações!... Penso que o sonho de Luther King valeu a pena: Os negros dos Estados Unidos ganharam a sua causa, no plano legal (a prática é outra história). Se bem compreendi a ligação entre as imagens e o texto, o 11 de Setembro fez lembrar a triste realidade actual, segundo a qual os povos não têm todos os mesmos direitos. Mas fê-lo pela pior opção: matar inocentes. E isso é imperdoável.

Um grande abraço