Homenagem a todas as mulheres trabalhadoras e vítimas de violência
Diz o Texto:
" No norte e no sul,
na guerra e na paz,
no público e no privado,
ontem e hoje,
basta de violência
contra as mulheres"
Luísa
"António Gedeão"
Luísa sobe, sobe a calçada,
Sobe e não pode que vai cansada
Sobe Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Saiu de casa de madrugada;
Regresa a casa é já noite fechada.
Na mão grosseira, de pele queimada,
Leva a lancheira desengonçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Luísa é nova, desexovalhada;
Tem perna gorda, bem torneada.
Ferve-lhe o sangue de afogueada,
Saltam-lhe os peitos, na caminhada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Passam magalas, rapaziada,
Palpam-lhe as coxas, não dá por nada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Chegou a casa, não disse nada.
Pegou na filha, deu-lhe a mamada;
Bebeu a sopa de uma golada;
Lavou a loiça, varreu a escada;
Deu jeito à casa desarranjada;
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada
Coseu a roupa, já remendada;
Despiu-se à pressa, desinteressada;
Caiu na cama de uma assentada;
Chegou o homem, viu-a deitada,
Serviu-se dela, não deu por nada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Na manhã débil, sem alvorada,
Salta da cama, desembestada;
Puxa da filha, dá-lhe a mamada;
Veste-se à pressa, desengonçada;
Anda, ciranda, desaustinada;
Range o soalho, a cada passada,
Salta para a rua, corre açodada,
Galga o passeio, desce o passeio, desce a calçada;
Chega á oficina à hora marcada,
Puxa que puxa, larga que larga.
Toca a sineta na hora aprazada,
Corre à cantina, volta á toada,
Puxa que puxa, larga que larga.
Regressa a casa é já noite fechada;
Luísa arqueja, pela calçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Sobe e não pode que vai cansada
Sobe Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Saiu de casa de madrugada;
Regresa a casa é já noite fechada.
Na mão grosseira, de pele queimada,
Leva a lancheira desengonçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Luísa é nova, desexovalhada;
Tem perna gorda, bem torneada.
Ferve-lhe o sangue de afogueada,
Saltam-lhe os peitos, na caminhada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Passam magalas, rapaziada,
Palpam-lhe as coxas, não dá por nada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Chegou a casa, não disse nada.
Pegou na filha, deu-lhe a mamada;
Bebeu a sopa de uma golada;
Lavou a loiça, varreu a escada;
Deu jeito à casa desarranjada;
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada
Coseu a roupa, já remendada;
Despiu-se à pressa, desinteressada;
Caiu na cama de uma assentada;
Chegou o homem, viu-a deitada,
Serviu-se dela, não deu por nada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Na manhã débil, sem alvorada,
Salta da cama, desembestada;
Puxa da filha, dá-lhe a mamada;
Veste-se à pressa, desengonçada;
Anda, ciranda, desaustinada;
Range o soalho, a cada passada,
Salta para a rua, corre açodada,
Galga o passeio, desce o passeio, desce a calçada;
Chega á oficina à hora marcada,
Puxa que puxa, larga que larga.
Toca a sineta na hora aprazada,
Corre à cantina, volta á toada,
Puxa que puxa, larga que larga.
Regressa a casa é já noite fechada;
Luísa arqueja, pela calçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Olá!!!
ResponderEliminarGostei do teu blog por vários motivos: gostei do geral, gostei muito deste post (só falta mesmo a voz do Carlos Mendes para ilustrar o poema da Calçada de Carriche), gostei e surpreendi por gostares do 1900 do Bertolucci - foi durante muitos anos o filme da minha vida até aparecer o Cinema Paraíso - e é raro haver pessoas a mencioná-lo!
E gostei por seres da região do Alqueva - não sou de lá mas vou lá todos os anos, até mais do que uma vez. É porventura a zona do país onde já fiz mais fotografias e onde as melhores fotos ainda estão... por fazer!!!
Obr pela visita. Beijinhos. Volta sempre. O teu comentário no meu post foi muito elucidativo - mais um contributo importante para aquilo que eu pretendia: criar alguma polémica com aquele post, e parece que está a acontecer!!!
Beijinhos!!!!
Está em curso no "Braganza Mothers" uma campanha a favor do "impecheament" de José Sócrates.
ResponderEliminarAgradece-se a leitura e divulgação.
O meu abraço solidário para todas as mulheres
ResponderEliminarbjs
Que melhor homenagem desejariam esses seres sem os quais a vida não tinha nenhum sentido. Belo post.
ResponderEliminarLamentável é o facto de em pleno século XXI, haver mulheres vítimas de violência física, psicológica e de não cumprimento dos seus direitos.
ResponderEliminarAgradeço e retribuo visita ao meu blog ;)
Uma bela homenagem com um excelente poema do António Gedeão.
ResponderEliminarAproveito paara informar que te nomeei com um (mais um...) "Thinking Blogger Award".
Saudações!
Uma bela homenagem e uma chamada de atenção para um problema que já não deveria existir mas que, infelizmente, parece até estar a aumentar, o da violência que vitima mulheres.Belissimo o poema do Gedeão, e que bem o diz a Odete Santos!
ResponderEliminarAbraço.
Gostei dos textos, do blog e principalmente da sensibilidade com que o mesmo se apresenta. Parabens
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