terça-feira, maio 01, 2007



Homenagem a todas as mulheres trabalhadoras e vítimas de violência
Diz o Texto:
" No norte e no sul,
na guerra e na paz,
no público e no privado,
ontem e hoje,
basta de violência
contra as mulheres"
Luísa
"António Gedeão"
Luísa sobe, sobe a calçada,
Sobe e não pode que vai cansada
Sobe Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Saiu de casa de madrugada;
Regresa a casa é já noite fechada.
Na mão grosseira, de pele queimada,
Leva a lancheira desengonçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Luísa é nova, desexovalhada;
Tem perna gorda, bem torneada.
Ferve-lhe o sangue de afogueada,
Saltam-lhe os peitos, na caminhada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Passam magalas, rapaziada,
Palpam-lhe as coxas, não dá por nada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Chegou a casa, não disse nada.
Pegou na filha, deu-lhe a mamada;
Bebeu a sopa de uma golada;
Lavou a loiça, varreu a escada;
Deu jeito à casa desarranjada;
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada
Coseu a roupa, já remendada;
Despiu-se à pressa, desinteressada;
Caiu na cama de uma assentada;
Chegou o homem, viu-a deitada,
Serviu-se dela, não deu por nada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Na manhã débil, sem alvorada,
Salta da cama, desembestada;
Puxa da filha, dá-lhe a mamada;
Veste-se à pressa, desengonçada;
Anda, ciranda, desaustinada;
Range o soalho, a cada passada,
Salta para a rua, corre açodada,
Galga o passeio, desce o passeio, desce a calçada;
Chega á oficina à hora marcada,
Puxa que puxa, larga que larga.
Toca a sineta na hora aprazada,
Corre à cantina, volta á toada,
Puxa que puxa, larga que larga.
Regressa a casa é já noite fechada;
Luísa arqueja, pela calçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.
Anda Luísa, Luísa, Luísa sobe,
Sobe que sobe, sobe a calçada.

8 comentários:

  1. Olá!!!

    Gostei do teu blog por vários motivos: gostei do geral, gostei muito deste post (só falta mesmo a voz do Carlos Mendes para ilustrar o poema da Calçada de Carriche), gostei e surpreendi por gostares do 1900 do Bertolucci - foi durante muitos anos o filme da minha vida até aparecer o Cinema Paraíso - e é raro haver pessoas a mencioná-lo!

    E gostei por seres da região do Alqueva - não sou de lá mas vou lá todos os anos, até mais do que uma vez. É porventura a zona do país onde já fiz mais fotografias e onde as melhores fotos ainda estão... por fazer!!!

    Obr pela visita. Beijinhos. Volta sempre. O teu comentário no meu post foi muito elucidativo - mais um contributo importante para aquilo que eu pretendia: criar alguma polémica com aquele post, e parece que está a acontecer!!!

    Beijinhos!!!!

    ResponderEliminar
  2. Está em curso no "Braganza Mothers" uma campanha a favor do "impecheament" de José Sócrates.
    Agradece-se a leitura e divulgação.

    ResponderEliminar
  3. O meu abraço solidário para todas as mulheres
    bjs

    ResponderEliminar
  4. Que melhor homenagem desejariam esses seres sem os quais a vida não tinha nenhum sentido. Belo post.

    ResponderEliminar
  5. Lamentável é o facto de em pleno século XXI, haver mulheres vítimas de violência física, psicológica e de não cumprimento dos seus direitos.

    Agradeço e retribuo visita ao meu blog ;)

    ResponderEliminar
  6. Uma bela homenagem com um excelente poema do António Gedeão.

    Aproveito paara informar que te nomeei com um (mais um...) "Thinking Blogger Award".

    Saudações!

    ResponderEliminar
  7. Uma bela homenagem e uma chamada de atenção para um problema que já não deveria existir mas que, infelizmente, parece até estar a aumentar, o da violência que vitima mulheres.Belissimo o poema do Gedeão, e que bem o diz a Odete Santos!
    Abraço.

    ResponderEliminar
  8. Gostei dos textos, do blog e principalmente da sensibilidade com que o mesmo se apresenta. Parabens

    ResponderEliminar